quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Auto-ajuda automobilística

Esses dias me perguntaram “como anda a vida”. Desde então eu comecei a reparar que a vida tem certa conotação automobilística. Um carro tem toda a capacidade de andar, correr e até desafiar leis, sejam elas estatutárias ou científicas. Um carro se locomove, faz curvas, dá voltas, baliza e pode até andar pra trás. Todas as pessoas são assim. A vida pode nos dar toda a autonomia de alcançar qualquer velocidade, mas para isso é necessário que nos demos a ignição, engatemos a marcha e pisemos no acelerador. Para nós sairmos do lugar precisamos engatar uma marcha, e, conforme formos acelerando, evoluí-la. É difícil passar as marchas, mas não adianta arrancar se não prosseguirmos. Temos a obrigação de evoluir nossas marchas se quisermos ir para frente.
É evidente que de vez em quando encontramos sinais vermelhos por aí e somos obrigados a parar. Mas como disse a sábia sabedoria caminhoneira: “a vida pede passagem”. Pare nos sinais vermelhos da sua vida, mas certifique-se de avançar os verdes. Cuidado ao avançar os amarelos.
Somos carros em tudo na vida. Saímos de fábrica com tudo igual. Potências e torques, acelerações e consumos médios, velocidades máximas e taxas de compressão. O que nos cabe é decidir o que fazer com essas grandezas. Decidir se podemos usar toda a tecnologia dos nossos motores, ou simplesmente andar em ponto morto. Viver na banguela, esperando por descidas para acrescentar alguma emoção à nossa duração. Se bem que às vezes é preciso uma descida para pegar o embalo necessário para uma grande subida.
E é com essas subidas e descidas que devemos ter cuidado. Às vezes nossos carros engasgam e tudo o que conseguimos fazer é olha para essas descidas e esperar que a velocidade aumente. Mas não precisamos descer tão rápido. Lembre-se que os freios funcionam mesmo com o motor desligado. Ou então nos deparamos com subidas tão belas que ansiamos tanto para chegar lá no topo. Mesmo sem saber se o nosso combustível é suficiente. Às vezes ele acaba no meio da subida. Aí então temos duas opções: sermos rebocados para o alto com o esforço dos outros e permanecer no topo, com o tanque vazio, ou voltar e abastecer. Colocar a melhor gasolina do mercado e quem sabe até gastá-la toda no percurso. Mas você chegou lá. E com o SEU motor.
De vez em quando vimos à nossa frente engarrafamentos quilométricos que nos fazem duvidar se será possível chegar à frente de todo esse povo que está aí, buzinando e xingando o do carro ao lado. Mas lembre-se: se todo o mundo está nessa mesma rua, alguma rua em algum lugar está vazia. Pode ser que o caminho seja mais escuro, mais longo e pior asfaltado, mas se você se esforçar e explorar todas as qualidades do seu motor, chegará lá.
Existem pessoas que adorariam um acidente automobilístico só por causa do seguro. Existem carros e carros. Carros modificados de tantas e tantas formas por fora que não se parecem em nada com os originais. Carros bonitos, garbosos e elegantes, mas com o motor corrompido. Carros com uma aparência pra lá de normal, mas que escondem debaixo do capô uma mecânica que pode levá-los a lugares que todos duvidariam.
Que tipo de carro você quer ser? Qual rua na malha viária da sua vida você quer tomar? Eu não sei aonde a estrada da vida vai me levar. Tudo o que posso fazer é apertar o cinto, escolher as entradas certas, dirigir do melhor modo possível, e curtir a viagem. E nunca puxar o freio de mão.

2 comentários:

Anônimo disse...

:} AMEI!
já te falei que mandou bem lá no positivo, mas não custa escrever aqui!

parabéns Du! E escreva sempre pra essa tua fã aqui!
beeijo!

Unknown disse...

Boa cara. Não tinha lido, mas gostei.
(teu pai)