terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Só o que cabe falar sobre o assunto.

Não são as palavras, ditas ou escritas, que o provam. Há sempre um algo a mais, uma essência escondida nos milésimos de segundo que passam entre o olhar para a outra pessoa e aquela sensação de ser sugado para um buraco negro. Ele nao está explícito, obscenamente à mostra em prosa ou poesia ou nas diversas declarações criativas e mirabolantes. Não pode ser encontrado nos presentes ou embaixo das poltronas do cinema. Não, ele gosta de se esconder e só vir à tona naqueles momentos de epifania em que as pupilas se dilatam e a vida parece mais bonita do que realmente é, e ele vem com tanta fome e te consome de uma maneira tão despudorada que você pode senti-lo escorrendo pelas costas e indo se misturar à infame normalidade do chão. Ele se esconde no café às quatro da tarde em que você, como se fosse algo casual, comenta sobre o sorriso da outra pessoa. Ele mora no alto daquela árvore onde a gente se apóia para descansar após ter corrido para sair da chuva que começou de repente. Ele gosta de fingir que não exite pra você, e pra isso fica encarcerado naquele "boa noite" despreocupado depois de um cigarro e um cachorro-quente. Há quem diga que ele é feito de matéria celeste misturada com o pó cósmico que chove das estrelas nas loites de lua cheia, tudo isso com um sopro de Deus e depois é espalhado nas flechas de um anjo que vaga por aí à procura de vítimas para seu doce veneno. Mas eu sei que ele não é feito disso. Ele é feito daquele comichão nas pontas dos pés que a gente gente sente quando beija a outra pessoa. Eu sei que ele é feito daquele choque que a gente sente quando olha pra outra pessoa e percebe que ela já estava nos observando há um tempão. Ele é passar o dia inteiro querendo olhar nos olhos da outra pessoa, e quando hora finalmente chega, a gente achar difícil sustentar o olhar porque nos nossos olhos e nos dela dela há tanto brilho que faz até o Sol apertar as vistas e a nossa cabeça doer, mas mesmo assim a gente aguenta e bebe da cachoeira que escorre daquele rosto lindo. É saber o que dizer, quando dizer e como dizer, mas na hora estar tão embriagado pela beleza da outra pessoa que as palavras se atropelam e você acaba dizendo algo inútil, quase sempre com cara de idiota. É saber que mesmo depois de vários anos a outra pessoa vai lembrar de você da mesma forma que você dela: como alguém que tornou o mundo um lugar melhor pra se viver, pelo menos pra ela. É ter a plena certeza de que, aconteça o que acontecer, você sempre estará na memória da outra pessoa como alguém que a fez feliz. É descobrir que seus anjos nunca deixam de te amar. Nunca.

3 comentários:

Unknown disse...

É ter a plena certeza de que, aconteça o que acontecer, você SEMPRE estará na memória da outra pessoa como alguém que a fez feliz. É descobrir que seus anjos nunca deixam de te amar. Nunca.

Anônimo disse...

É descobrir que seus anjos nunca deixam de te amar.

Unknown disse...

AMEEEEEEEEEEI